Coluna Madalozzo | 23 de Novembro

Mama África

 

‘’Mama África, a minha mãe,

É mãe solteira e tem que fazer mamadeira

Todo Dia

Além de trabalhar como empacotadeira

Nas Casas Bahia’’.

 

Representando a realidade de tantas mães e famílias, o compositor Chico César conseguiu imprimir na canção Mama África a difícil rotina de uma mãe negra, solteira e de baixa renda, que se divide entre o trabalho e os filhos. E ainda assim, criou uma música afetuosa e com muito ritmo.

Uma verdadeira obra-prima da música popular brasileira. Que merece sempre ser recordada, especialmente pelo dia da Consciência Negra, na última sexta-feira.

O Brasil carrega em sua história a triste marca de ter sido o principal destino de escravos e um dos maiores portos negreiros nas Américas até meados do século 19.

E ainda que nossa população seja um belo caldo de tantas cores e origens, como: europeus, asiáticos, africanos, indígenas, é nítida a desigualdade em determinados segmentos étnicos.

Na economia, no esporte, ou em qualquer atividade humana, o ponto de largada é essencial para estabelecer quem cruzará antes a linha de chegada. E aqui temos uma clara diferença de oportunidades. Que devem ser corrigidos pelo Estado e pela sociedade.

Um hábito, uma cultura, começa o seu processo de mudança com a percepção de que existe algo errado. Depois, com a persistência em seguir um novo caminho.

Há alguns anos, acompanho o diretor geral da Madalozzo, Alcides, na sua luta diária de voluntário em uma instituição de caridade destinada a educação de crianças e adolescentes. Enfrentando a falta de recursos e buscando apoio, com objetivo de diminuir a distância dos ‘’pontos de largada’’ destes jovens.

Não é preciso ir longe para ajudar. E toda ação, por menor que seja, é válida. Basta nos engajarmos, pessoas e empresas.

“Deve ser legal, ser negão no Senegal”, é uma das últimas estrofes da música Mama África.

Esperamos que muito breve, Chico César pense o mesmo sobre ser negro no Brasil.

 

Excelente semana,

Abs,

Lucas M.