Unicórnios versus Camelos
28 de junho de 2021
Caros leitores,
A última década nos trouxe uma nova compreensão sobre o objetivo das empresas.
A capacidade de crescer exponencialmente e aumentar o número de usuários tornaram-se habilidades mais valorizadas do que entregar lucro e gerenciar riscos do negócio. Ser uma startup passou a soar melhor do que virar uma marca centenária.
Uma elite de empresas saiu do zero e em poucos anos tornaram-se corporações avaliadas em mais de U$ 1 bilhão. E ganharam um nome por atingir essa conquista: unicórnios.
Esses seres míticos, somados as big techs, mostraram a força do digital e do crescimento alavancado. Parte delas valem hoje mais de um trilhão de dólares (um número assustadoramente grande; equivalente ao somatório de todas as empresas brasileiras na bolsa).
Isso estimulou milhares de empreendedores a seguir o mesmo caminho: crescer a qualquer custo (subsidiando produtos, trabalhando sem margem, assumindo dívidas). As estratégias mais agressivas também ganharam um nome: ‘’cashburn’’ (queimando dinheiro).
O que não contaram a muitos desses empreendedores é que existem menos de 20 unicórnios no Brasil e pouco mais de 500 no mundo. Já o número de negócios que morrem pela estratégia de alto giro é incontável. Muitas que poderiam ter sobrevivido se adotado uma expansão sustentável.
Por isso, surge outra espécie de startups e empresas, chamadas de: camelos. Sem o glamour dos unicórnios, mas com grande capacidade de adaptação e resistência as adversidades.
Gerir riscos parece estar voltando à moda. E o mercado segurador possui papel importante na proteção de parte dos imprevistos: ataques cibernéticos, incêndio em unidades, responsabilidades ambientais, etc.
Mas, existem fatores externos que somente uma empresa sólida e um bom caixa podem aguentar. Crises econômicas, instabilidade política, oscilações de câmbio, uma pandemia e por aí vai…
Não há nada de errado com o espírito empreendedor, a coragem, a alavancagem planejada, características de negócios de sucesso. Porém, uma empresa que pretende durar mais de uma década deve recordar que haverá momentos de escassez e alta temperatura. E que somente um camelo sobrevive sem água no deserto.
Excelente semana,
Abs,
Lucas M.